No navio em que cheguei Veio um negro de Angola Veio um negro de Angola Veio um negro de Angola No navio em que cheguei...
Veio um negro de Angola Veio um negro de Angola Veio um negro de Angola
Na águas do rio Kwanza Remava em seu pesqueiro Mas acabou cativo Dentro do navio negreiro No navio em que cheguei...
Contou histórias de Kayama E da princesa Benguela Que ouvia ainda menino Vivendo na Catumbela No navio em que cheguei...
E disse que em sua terra Todo povo é guerreiro E a noite faz abrigo Nos troncos do imbondeiro No navio em que cheguei...
Na mesma praia que um dia A bassula foi lutar E jogado num navio Foi levado pra além-mar No navio em que cheguei...
Aprendeu a capoeira Quando chegou no Brasil Junto com os outros escravos Para o quilombo fugiu No navio em que cheguei...
Hoje conta pros mais novos A história de sua vida Que a cultura de seu povo Jamais seja esquecida No navio em que cheguei...